O título é uma tentativa de fazer piada com um assunto sério. Antes exportávamos cérebros, depois braços e pernas para trabalhos físicos e tarefas que os nativos não queriam fazer. Agora estamos exportando, com sucesso, coxas, peitos, bundas e xerecas para o mundo.
Não sei se fico contente por conterrâneas atingirem uma vida mais digna mesmo que por caminhos não tão dignos, ou fico triste por um país que não proporciona as oportunidades de um futuro não tão incerto e miserável.
Em ruas de prostituição de Genebra, na Suíça, português é língua corrente. Nos classificados de jornais europeus, apresentar-se como "brasileira" costuma render mais clientes e programas mais caros. Não por acaso estrangeiras fingem ser do País para competir pela atenção dos homens.
Estimativas da Organização Internacional de Migrações (IOM), agência ligada à ONU, apontam quase 75 mil prostitutas brasileiras trabalhando hoje na Europa. E esse número só cresce. "Espanha, Holanda, Suíça, Alemanha, Itália e Áustria são os principais destinos", diz a entidade. E o total de mulheres que deixam o Brasil é bem superior ao de homens. Na Itália, dos 19 mil brasileiros vivendo legalmente no País em 2000, 14 mil eram mulheres. O número elevado de prostitutas contribui para a diferença.
Dados do governo espanhol apontam existência de 1,8 mil prostitutas brasileiras no país e 32 rotas de tráfico de mulheres.
O número de brasileiras é tão grande que algumas chegam a cargos de chefia em associações locais. Edna da Silva foi eleita na quinta-feira integrante do Comitê Executivo da Aspasie, entidade que luta pelos interesses das prostitutas em Genebra. "Tenho 49 anos e saí do Brasil com 20 para trabalhar na indústria do sexo. Nunca vi tanta brasileira trabalhando no ramo como agora. Há uma leva impressionante."
Algumas chegam a montar casas de prostituição. Em Zurique, um edifício de três andares no bairro do Paquis é ocupado por 40 brasileiras. Elas pagam aluguel simbólico pelos quartos e têm alimentação no local - uma cozinheira baiana garante feijoada aos sábados. Mas são obrigadas a deixar pelo menos metade do que recebem nas mãos da dona, um travesti.
Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o tráfico de pessoas para exploração sexual transformou-se num dos negócios mais rentáveis do mundo - US$ 28 bilhões por ano.
Nas próximas semanas, uma campanha suíça combaterá o tráfico de latino-americanas. Segundo a imprensa local, elas estariam sendo contratadas por R$ 100 mil para casar com supostos terroristas de Bangladesh para garantir-lhes visto. A denúncia foi feita por uma ex-prostituta brasileira.
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Lembrando que em maio posou para a Sexxy a Andréia Schwartz, que trabalhava nos EUA como proxeneta e foi utilizada pelo FBI como informante no escândalo sexual que culminou com a renúncia do governador de Nova Iorque Eliot Spitzer com a prostituta Ashley Dupré.
Depois reclamam quando a Comunidade Européia não permite a entrada de brasileiros, especialmente mulheres jovens desacompanhadas.
Matéria completa no Estadão. Mapa retirado do artigo ONGs formam rede contra tráfico humano.